A vida de Valdir Luiz Pagnoncelli

Nasceu em 27 de janeiro de 1948, em Sananduva, no Noroeste do Rio Grande do Sul. Com uma família numerosa, muito acompanhou a importância de sua linhagem italiana de imigrantes se ramificando pelo país. Aos 9 anos, mudou-se com a família para Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná..
Ainda pequeno foi enviado para cursar a admissão e o ginásio no Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Ibicaré, Santa Catarina. Fez o curso clássico na Escola Apostólica de Pirassununga (SP). Morou em Curitiba por seis anos, formou-se em Letras na PUC-PR e em Ciências Econômicas na UFPR, com adaptação em Jornalismo. Foi professor na rede estadual de ensino em Dois Vizinhos por 15 anos.
Casou em 1975, com Marilda Orben, com quem teve 4 filhos: Giovani Giocondo, Giuliano Rafaelo (in memoriam) e as gêmeas Raquel Fernanda e Renata Francesca. Foi secretário da Prefeitura de Dois Vizinhos em três administrações. Fundou a Associação Comercial e Empresarial de Dois Vizinhos (Acedv) em 21 de abril de 1976, presidindo a entidade por sete anos.
Foi um dos fundadores e vice-diretor da Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu (Vizivali). Fundou a Rádio Educadora FM de Dois Vizinhos em 5 de agosto de 1977. Entrou para o Rotary Club de Dois Vizinhos em 1976. Foi governador do Distrito 4640 do Rotary International na gestão 1996/1997. Fundou a Rádio Vizinhança FM de Dois Vizinhos em 28 de novembro de 1991. Foi presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp) na gestão 2001/2003. Em 1990, entrou para a organização internacional The Friendship Fource. Através dessa organização, visitou países de cinco continentes do planeta, num programa de intercâmbio cultural com o lema “Um mundo de amigos é um mundo de paz”. Separou-se de Marilda e, em outubro de 2003, iniciou relacionamento com Elizete Aparecida Parzianello e se casaram 2021.

Valdir já fez alguns ensaios como escritor. Publicou a Revista História dos 25 anos e a Revista dos 40 anos da Rádio Educadora FM de Dois Vizinhos. Escreveu o livro sobre a História dos 40 anos da Paróquia Santo Antônio de Pádua, de Dois Vizinhos. Publicou a obra História de Dois Vizinhos, em parceria com Jaime Guzzo e Ivan Lovizon e colaborou na edição de Saiba mais sobre Radiodifusão, que trata da organização comercial de uma emissora de rádio.
Em 2019 Valdir ainda fez a publicação do livro A Ilha, Vestígios e Histórias no Rio Santana, com registros históricos da região. Em 2022 houve o lançamento de outra obra marcada por histórias da chegada dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul e sua sequência de contribuições para os caminhos da migração interna nacional que levou o povo Talian desbravar e colonizar a região sudoeste do Paraná, em especial da cidade onde o autor reside, Dois Vizinhos. O Livro Pai e Filho, Nani & Diro é uma autobiografia com muitos fatos históricos de relevância nacional, estadual e regional, além de revelar detalhes impressionantes sobre a vida do autor.

Texto de: Renata Francesca Pagnoncelli Deconto

A RÁDIO EDUCADORA DE DOIS VIZINHOS LTDA é o resultado de um esforço de pioneiros e homens de visão de futuro da região.
Sua existência, em ideias e projetos, foi bem anterior a sua existência propriamente dita.
O Contrato primitivo ou constitutivo da Rádio Educadora data de 05 de maio de 1972.
Tudo era muito difícil. O maior dilema sempre foi o dinheiro.
É bom lembrar que na época, um assento reclinável de automóvel era uma novidade e valia uma fortuna. Valdir Luiz Pagnoncelli nao relutou, vendeu os bancos reclináveis de seu Corcel para o Ari Amadori, para fazer dinheiro. Tudo era realmente muito difícil...
Quantas histórias... Quantas emoções...
Por tantas emoções, há quem diga que fazer rádio é como tomar cachaça... quem faz, nao larga mais...

AERP 2001/2003 - Gestão do Futuro

Faço parte da AERP desde quando a Rádio Educadora de Dois Vizinhos entrou no ar em 1977. Comecei com seu Augustinho Seleski em Francisco Beltrão, onde foi fundada a entidade. Na época a AERP era só do Sudoeste do Paraná. Tínhamos as diretorias regionais (AERP Sudoeste – AERP Oeste) que eram muito atuantes. Sempre ocupei cargos da região sudoeste. Depois disso a AERP se tornou uma entidade estadual, que com muita dificuldade foi se consolidando. Nossa indicação para presidência da AERP teve um peso muito grande a sugestão da UNDA – União da Radiodifusão Católica do Paraná. A entidade subscreveu um pedido de mais de 30 pequenas emissoras do interior. Pesou muito o fato de que em 1996/97 eu fora governador do Distrito 4640 do Rotary International. Mesmo assim, a minha eleição teve uns contratempos, pois de última hora, de forma improvisada, e com muitos erros, fora apresentada um chapa concorrente, que acabou sendo impugnada.
Começamos a gestão 2001/2003, sem esquecer as origens – O rádio do Interior. Por eu ser do interior e da cidade de Dois Vizinhos, fizemos um planejamento estratégico de gestão chamado GESTÃO SUSTENTÁVEL DO RÁDIO, priorizando o interior do estado do Paraná. Esse planejamento se baseava no seguinte tripé. Primeiro: Programação. A programação é o produto do rádio.

Segundo: Comercialização. A venda do produto do rádio.

Terceiro: Gestão. Fazer com que o empresário passe a investir os resultados na melhoria contínua de seu próprio negócio. Criamos uma logomarca da gestão: o Bumerangue. Esse artefato de origem aborígene australiana, quando arremessado, voltava para a mão, do arremessador. Assim é o treinamento. Quando há treinamento da equipe, os resultados também voltam para a mão, o bolso ou conta bancária do empresário. Diante disso começamos a percorrer o interior criando departamentos comerciais e fazendo com que as emissoras sobrevivessem explorando sua própria praça. Qualquer verba de governo, seja do estado, do município ou de vereadores, seria considerado lucro. Vivíamos a época do FAX, e esse estava sempre chaveado na sala do diretor. Escancaramos a porta do FAX para que se tivesse máxima utilização e para que as emissoras se preparassem para as inovações tecnológicas que estavam por vir, através da internet. O meu maior desafio, como foi sempre o desafio da AERP, foi o insistente combate às rádios comunitárias, as negociações com o ECAD e a manutenção do convenio AERP/Copel. A introdução da internet no meio rádio foi bem lenta. Com muitas resistências. Não se sabia ao certo quão aliado ou quão inimigo seria da radiodifusão. Era uma cultura inteira avessa a ideia. Não era algo familiar. Mas certamente era uma ferramenta que daria agilidade e eficiência para o futuro.
Em parceria com o SindiRadio, do Rio Grande do Sul, recebemos autorização para publicar o livro SAIBA MAIS SOBRE RADIODIFUSÃO, tratando da Gestão pela Qualidade Total, Guia para Vendedores de Propaganda e Procedimentos Operacionais Padrão. Conseguimos imprimir 200 exemplares, o que foi muito pouco. Quando vinha de Brasília, enviado pela ABERT, o senhor Piconez, por ser tão grande e gordo, tínhamos dificuldades de acomodar no carro da AERP, que possuía uma Brasília VW como automóvel. Nossa gestão investiu em outro veículo, uma Zafira, que permitiu melhor deslocamento para os treinamentos.

Cada reunião no interior reunia o máximo de representantes de rádio daquela região. Era uma oportunidade para os diretores de rádio terem acesso a mais novidades e estarem mais próximos da Associação. Nos encontros “AERP Itinerante” eram feitas simulações de vendas, ensinávamos equipes a descreverem o papel do rádio e se trabalhava muito a valorização do rádio e das mídias já existentes, o rádio era mais barato, confiável e instantâneo. Hoje os encontros regionais seguem aproximando a AERP do empresário de rádio.
O radiodifusor do interior do estado ficou tão motivado que pudemos fazer um grande congresso estadual. O XVII Congresso Paranaense da Radiodifusão no Hotel Bourbon em Curitiba, com a assessoria técnica da ApoMarketing, de José Clair Bresolin. O evento teve comparecimento maciço. Com inscrições gratuitas, vinho a vontade e, pela primeira vez no estado, o sorteio de um veículo zero Km, que por nossa sorte, foi sorteado para um radiodifusor do interior, Helio Alvez, de Ampere Paraná. Na abertura tivemos a presença do governador Jaime Lerner. Anexo ao Congresso foi feita uma retumbante exposição de equipamentos da radiodifusão. Os expositores vieram antecipar muita das novas tecnologias. Foram exibidos softwares que permitiam a gravação da programação sem mais as arcaicas fitas K7 ou fitas de rolo da AKAY. A programação do congresso foi muito bem elaborada. Com palestras do tipo “Dra Zilda Arns”. Demos oportunidade aos candidatos ao governo do estado falarem por 20 minutos expondo suas ideias. O resultado foi a eleição de Roberto Requião, que infelizmente cortou o convenio AERP/Copel e cancelou um cheque de 600mil reais de credito da AERP pelo convênio vigente com a Copel na época. Mas como dividir os 600 mil entre as emissoras do estado? Na época, as emissoras mandavam uma cópia da conta de luz do transmissor para a Copel, cada emissora recebia pelo consumo do transmissor. Roberto Requião ainda cortou a pouca mídia do estado com emissoras de rádio. Hoje vejo como foi profética a ideia de fazer a AERP ITINERANTE, ensinando as emissoras a sobreviverem com a própria praça.
No XVII Congresso Paranaense entreguei três medalhas do Mérito da Radiodifusão do Paraná: Engenheiro Roberto Lang, pelos serviços prestados a AERP; Dra Tereza Fialkoski Dequeche, diretora regional da Anatel; e Luiz Pereira da Silva, da Jovem Pan de Maringá, que imprimiu 200 exemplares do livro SAIBA MAIS SOBRE RADIODIFUSÃO.

Por fim, surgiu a notícia, ninguém sabe da onde, de que enquanto eu fosse presidente, o governo não reabilitaria o convenio AERP/Copel. Como eu moro em Dois Vizinhos, sem avião e sem ônibus leito para ir a Curitiba, ser presidente da AERP, para mim, era um sacrifício. Diante disso, para o bem da classe, convoquei uma assembleia e renunciei dois meses antes do final do meu mandato. E na sequência veio a eleição do Ilídio Coelho. O pior é que a AERP continuou sem convenio por um bom tempo. Meu período, embora curto, foi muito proveitoso para a entidade. Quanto a Feira da Mídia de 2002 no Parque Barigui, foi muito pouco prestigiada pelo rádio e para a classe muito pouco representou. A AERP montou um belíssimo stand no Parque, mas o prestigio foi pequeno. Sobre a concorrência com as rádios piratas, nós trabalhávamos muito com a ABERT, Ministério Público e sociedade, mas o Ministério das Comunicações pouco, ou nada fazia nessa época. Eram constantemente acionados por denúncias, mas não víamos muito resultado.
Em minha gestão também cogitamos colocar em pratica projetos como “Memória do Rádio”. Essa ideia não evoluiu porque não encontrou ressonância no meio. E assim foi minha gestão 2001/2003 em que o Bumerangue continuou provando que o treinamento é a solução para a eficiência e eficácia da equipe. Como o brasileiro não vive sem rádio, o rádio não vive sem conteúdo.

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